terça-feira, 22 de maio de 2007



Sempre fui infeliz
Vivendo só, sem ter amor
Fui inspirada então,
Na ingratidão de quem me rodeava
Que fiz este poema.
Triste como o pranto
Que me matava de só ter ingratidão
Pensei que esta valsa
Era a minha última inspiração.
Mas quis o meu destino
Que eu fosse sonhadora
E colocou no meu sonho
Um olhar de ternura
De alguém que mesmo em sonho
Trouxe minha ventura.
Sonhei com esse alguém
Noites e noites sem parar…

Por fim já tão cansada
Errante por este mundo
Acabei por achar
O teu olhar tão doce
Terno como o luar…

Sem querer, um dia,
Encontrei com esse alguém
Que tanto eu queria.
Esse alguém que mesmo em sonho
Amei com tanto ardor.
Esse alguém és tu
Meu terno e DOCE AMOR

UmaVida...


Se a tristeza desse corda ao coração,
Hoje ele correria tão galopante
Como o vento na floresta
Que de tanta correria, assobia…
Se a tristeza comandasse a vida…
Se a tristeza se deixasse ver…
Decerto alguém
veria o meu choro
E entenderia…

Se as minhas mãos,
se pudessem esticar…
o rosto do meu pai
iriam tocar
e decerto ele entenderia
o amor calado,
revoltado,
que sempre e foi sempre sonhado…
Como queria dar-te um beijo Pai
Dizer-te que gosto de ti.
Mas…
Nunca me estendeste,
Não era agora que me entenderias.

A revolta toma conta de mim e sinto nada poder fazer.
Na minha vida fui sempre espezinhada, maltratada, nem sei como me sinto, nunca soube nada.
Sofri, senti, chorei, escondida e quase “amordaçada” no meu íntimo, sentia-me desventurada, ouvia a voz do coração…que não me dizia nada.
Hoje ouço essa voz e apenas sei que fui a mal amada.

De miúda traquina e desajeitada, talvez muito pouco acarinhada, vivia sempre na expectativa de me ver ajudada e chorava, no silêncio da noite.

Já jovem ai estava eu, apaixonada e mais uma vez mal amada. Quisera ser diferente, ter amores, ser beijada e não aconteceu nada de nada.
Vivi amores incompreendidos, chorados, sonhados e tudo foi nada…

Deixei a casa, a família, fiquei abandonada ao meu eu e sonhei, sonhei e…ai que tristeza, estava acordada, o sonho apenas foi sonhado… Foi uma dor tão magoada…Dai apenas sai Mulher.

Sobrevivi e lutei e mais uma vez, amei, amei…
E nem dei por nada, senti que era a outra e fiquei amedrontada.
Era um amor sofrido, amordaçado, perdido e calado, começou a dor e ai fui forte, não fui abandonada, abandonei, sentia-me usada.
Sonhei, sonhei e ao acordar vi que tudo isso não levava a nada, de novo as mãos vazia e o coração chorava…


Agora sim a juventude perdida avizinhava-se, amei, retribuíram calados no silêncio dos que amam e não dizem nada, apenas os olhos e os gestos se manifestavam.
Talvez por isso foi um amor que não teve futuro, mais tarde, ele ai estava a ditar as suas leis de amor e amizade que se transformou em afecto e carinho.
Fiquei no escuro, não queria mais nada….e só chorava e… mais tarde já era tarde.

O nada levou a tudo e aconteceu, talvez para ver se eu era o eu, que eu queria ser.
E aconteceu, já não estava só, tinha companhia sempre comigo e irradiava alegria e felicidade ia sempre ter companhia e algo especial e sonhava, sonhava…
Então passamos a ser duas a querer aconchego e ele não chegava, a tristeza passou a fazer parte dos meus dias e apenas olhava o vazio que nos cercava, mas não estava só tinha dois braços estendidos para mim que não e deixavam vacilar e tinha de lutar.
A vida tornou-se mais pesarosa numa luta sem condescendência e sem ganhos, aí tive de ser forte éramos duas e a luta tinha de continuar, não por mim mas pela pequenita que me estendia os braços e pedia colo.

Lutar, luta e mais luta, farta desta estonteante luta que me deu apenas sabedoria no sofrer.
Sentia a dor no coração e ai estava eu de mão na mão de uma menina que foi a minha luta pela vida.
Caminhava só mas entendia que não deveria fazer algo que dividisse a minha filha, tive esperanças de mudança e tudo o parecia indicar e sonhei de novo…
Ai como foi alegre e feliz esse sonho e ao mesmo tempo angustiante, agora a luta era por três e não renasci, morri mais um pouco e vivi mais na luta e aqueles bracitos a pedirem colo e “mãe luta que um dia vences” e lá caminhei mais um pouco na vida
que se mostrava cada vez mais difícil e sofrida.
Lutava a duplicar, mas agora eu já não sabia amar… tinha de me encontrar…deixava o dia correr e os anos passar e amar só a dois que tinha de proteger e não deixar maltratar pegando-lhes ao “colo” e ensina-los a voar.

Cansei de lutar e sentei, pensei e joguei tudo ao ar, no chão e em qualquer lugar, deitei o coração fora e coloquei outro no seu lugar.

Este coração atraiçoo-me de novo lá estava ele a enganar-se e a procurar um coração que nada tinha a ver com ele.
Enganou-se uma vez mais, amou, sofreu, chorou e acabei por lhe ralhar fiquei furiosa lá estava ele de novo a se enganar, como se portou mal lá pensei em por outro em seu lugar, mas este outro foi avisado que o deitaria fora para sempre se não sentisse o outro coração parecido com ele.

Sentei, sofri, chorei, agora sim tive amigos que me ajudaram a reparar o meu coração, não o deixaram mudar apenas o ajudaram a reparar, ensinaram-me que ele se tinha de transformar e ficar mais forte, mas que não tinha de ser mudado, porque assim algo ia mudar e queriam-me sempre como fui, humana simples e amiga e ele foi obediente aprendeu a se comportar.

Sentei sozinha e olhei a vida, mais uma vez lutei éramos 3 e tinha que suportar este coração louco por correr.
Aí os amigos que não me deixaram correr, nem cair, não foi preciso me levantar porque apenas cambaleei e eles me seguraram.

Sentei no caminho, já cansada e coloquei o rosto nas mãos e pérolas de chorar fizeram sentir que algo ia mudar.
Essas pérolas fizeram o caminho onde sentei e senti que tinha que ouvir o coração que agora os meus amigos tinham consertado.
Olhei longe e senti que valia esperar porque um coração estava para chegar.
Foi pensativa, ponderada esta espera, “sentada á beira do caminho ouvido a voz deste meu coração”.
Olhei ao longe, conheci-te estavas a chegar…

Agora tenho dois braços a me aconchegar, dois braços que não se cansam de me abraçar.
Um coração que me tornou a trazer de volta á vida, que me encontrou um pouco desconsertada, coisas que o tempo resolverá.
Abraçam-me porque tem amor também para dar.
Dois braços que me fizeram voltar á vida e me ajudam a amar os que me estendem as mãos e me chamam Mãe.
Hoje a minha luta tem fundamento, mas tenho ainda muito medo…
Ai este maldito medo que não me abandona, mas quando olho e sinto o teu coração, mesmo que ao longe o medo foge e sinto que me amparas no desalinho da minha vida e sabes onde estou mesmo que perdida, sabes o que quero, mesmo que eu não saiba.
Seguras-me a mão porque tenho medo de dormir.
Seguras-me o sonho, para que continue a sonhar acordada e alivias o meu pesadelo de estar com a cabeça tão desconsertada…
O caminho até agora foi sinuoso, mas valeu a pena, porque em ti conquistei o Homem que sempre amei e que sentia que existia em algum lugar e que nunca abandonei o sonho e por fim apareceste.

Nunca se deve agradecer a quem tanto nos quer bem, pois nunca se encontram palavras para tal.
Um dia me destes animo para escrever as minhas memórias.
Aqui as tens reduzidas e sem perceberes nada, apenas a luta e um sofrer, pois não merecem ser contadas porque assim eu ia perder-me e ficava muito desconsertada de reviver as coisas que me fizeram doer muito, mas também sei que só assim soube aprender a ser Mulher.

Apenas sei que aos 20 anos me tornei Mulher sofri, lutei e venci uma grande e dolorosa caminhada.
Aprendi que mesmo sendo humilhada, era eu mesma, era pessoa, inteligente e simplesmente não fui amada.
Apenas me ficou na vida as mãos abertas que não tinham nada…

Mas um dia parei no caminho de pedras soltas, juntei-as e fiz um banco e ai fiquei sentada abri as mãos e nelas pousaram outras…
Olhei eram as tuas, que tocam, que sentem, acarinham e que não me deixam ter medo do escuro porque estamos sempre de mão dada.
São mãos que sentem o coração e a mente e amparam a minha caminhada.