sábado, 6 de outubro de 2007

Saudade...


Numa noite ao luar,

Nós dois em plena solidão

Fiquei calma,

Fitando o crepúsculo azulado do céu,

A lua de prata banhando nosso beijo

Selando um amor,

Teus olhos envolveram-se nos meus

Numa terna lágrima de alegria

Assim, te respondi…

O prazer de te ter ali

Abraçar-te, ter-te junto a mim.

A dor do AMOR, não tem explicação!

Como definir, o que só sei sentir?

É mistério sofrer para se saber,

O que no peito o coração, não sabe dizer.

Pergunta ao luar travesso

Que na noite a chorar me vê sofrer

Pergunta ao luar e á canção do mar,

Qual o mistério que há na cor de te amar.

Se desejas saber o que é,

Não sentir o teu calor,

Apenas soluçar,

Caminha até á beira-mar,

Numa noite ao luar,

Ouve a onda sobre a areia a lacrimar!

Ouve o silêncio, a falar na solidão

Do calado coração,

Querendo simplesmente te abraçar…


Ao me abraçares,

Põe o ouvido aqui junto á flor do coração


Ouve a inquietação,

Da saudade…


Busca saber qual a razão


Porque vive ele a suspirar, a palpitar…


Desesperado, teima para sempre te amar,


Em querer-te sempre, sempre te abraçar…

Uma História de Encantar

Uma Historia de Encantar
Um sonho de encantar…Hoje numa conversa habitual com uma daquelas pessoas encantadoras deste lugar, onde as pessoas se tornam mais velhas pelo caminhar dos anos arrastados pela vida e pelo pensamento cruel de se sentirem desprezados e desenraizados de suas famílias, este lugar a que chamam lar, mas onde o sentido da verdadeira palavra lar deixa tanto a desejar…Diria lar de sofrer de pensar nos sonhos perdidos e deitados ao vento e espalhados sem que ninguém os acolha e os ouça apenas para fazerem sentido a uma vida sofrida e onde os anos ajudam a pesar mais o olhar, o sonho que se esmoreceu no olhar vazio do tempo e nas memorias que um dia fizeram a história duma vida.Hoje uma destas “jovens” duma vida de viver, tirou da sua história de memórias uma história de encantar que passo a descrever com a fidelidade que julgo poder dar-lhe.Ao subir das escadas ouvi alguém:- São, menina São está aí?- Sim diga lá que deseja, minha carinha laroca, quer a paparoca? Já vim cá espreitar mas estava a dormitar ou a “caçar ratos”?- Eu a dormitar? Estava era a sonhar?- A sonhar com quê, quer contar? Vá lá fale-me dos seus sonhos de encantar, mas espere que a sua paparoca esta aqui para lhe dar, hoje está boa, flocos com leite e adoçante vamos lá abrir a boca e mastigar.-Está boa sim menina, hoje gosto não está amarga.E lá continuou a D. Graciete a comer a sua refeição aconchegante da noite, com o olhar vazio no tempo e pensando Qui ça numa história, talvez a que a seguir iria contar.-Olhe menina a minha filha, quando era pequenita, tinha uns pijamas assim com um bolso e um bonequinho bordado nesse bolso, assim um cãozinho, um ursinho assim coisas sabe? Aquelas que se bordam nas roupas dos miúdos para ficarem mais alegres. A minha filha um dia perguntou:-Mamã (sabe ela chamava-me assim de mamã), para que serve este bolso do pijama?- Ah minha filha, esse bolso serve para guardares os sonhos e sabes minha filha (e colocando a mão onde possivelmente estaria o bolso, bem assim juntinho ao coração, e continuou) fecha assim o bolso (e fez o gesto bem ternurento e aconchegante pegando no casaco do pijama dela) para que os teus sonhos não possam fugir.E sabe menina São, um dia ela chegou ao pé de mim e disse-me a chorar:-Mamã os sonhos fogem não os consigo guardar.-Então minha filha deixa-os ir, novos virão para dar lugar a esses e assim terás sempre sonhos novos e bonitos, não chores vais ver que todos os dias terás sonhos de encantar não precisas mais de os guardar.Olhe menina São ela deixou de chorar e nunca mais guardou os sonhos no bolso do pijama com um boneco bordado, coisas de crianças menina São e coisa de mãe.Lá ficou ela, a D. Graciete de novo com o olhar perdido no tempo, talvez a pensar que nunca teve um bolso num pijama onde pudesse ter guardado os sonhos dela para um dia serem reais e nunca poder estar num “lar” onde os sonhos não existem, apenas existe um vazio num olhar e um sonho de poder fechar os olhos descansados para sonharem eternamente em serem amados e terem um pouco de carinho e aconchego, uma ternura e um sonho quem sabe guardado no bolso do pijama encantado da vida da qual apenas resta um bolso pequenino da recordação … (Graciete Marques)Esta uma homenagem a uma "jovem senhora, 81 anos" que residia no Lar onde trabalho e que nos deixou dia 10 de Setembro de 2007, uma amiga que nos momentos de desanimo me aconchegava ao peito e me dizia: "Diz la minha pequenita,que te vai nesse coração, estas triste encosta aqui ao meu peito".Obrigada AMIGA onde estiveres estas no meu coração.Um beijo como aqueles que me davas com carinho e bondade.